domingo, 20 de março de 2011

MAS AFINAL O QUE É PRE SAL?

Mas Afinal, O Que É O Pré-Sal?
Editar Artigo | Publicado em: 01/09/2009
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A camada pré-sal é um gigantesco reservatório de petróleo e gás natural, localizado na região litorânea entre os estados de Santa Catarina e Espírito Santo, em uma área de aproximadamente 800 quilômetros, englobando as bacias do Espírito Santos, Santos e Campos. Estas reservas estão localizadas abaixo da camada de sal que pode ter cerca de dois quilômetros de espessura. Portanto, o petróleo e o gás natural se encontram de cinco a sete mil metros abaixo do nível do mar. Estas reservas se formaram há mais 100 milhões de anos, a partir da decomposição de materiais orgânicos, na época em que os continentes se separaram.

Vários campos e poços já foram descobertos e nomeados. No principal deles, o Tupi, estima-se que exista quantidade suficiente para encher de cinco a oito bilhões barris de petróleo, fazendo com que o mundo volte os olhos para o Brasil. Numa comparação rápida: em 2007, as reservas provadas de petróleo e gás natural da Petrobras no Brasil ficaram em 13.920 bilhões barris de óleo equivalente (boe); com a descoberta da Tupi, este valor pode aumentar em duas vezes com o que poderá ser extraído do subsolo brasileiro.

Os benefícios para o país são visíveis. Estimativas apontam que a camada, no total, pode abrigar algo próximo de 100 bilhões de boe em reservas, o que colocaria o Brasil entre os dez maiores produtores do mundo. Atualmente o país ocupa o 24º lugar neste ranking. A exploração destas reservas representaria um crescimento dos atuais 14,4 bilhões de barris de óleo equivalente para algo entre 70 bilhões e 107 bilhões.

Apesar da Petrobras ser uma das empresas pioneiras nesse tipo de perfuração profunda ela ainda não sabe exatamente o quanto de óleo e gás pode ser extraído de cada campo e quando isso começaria a trazer lucros ao país. A empresa não descarta a possibilidade de que toda a camada pré-sal seja interligada, e suas reservas sejam unitizadas. E por conta do desconhecimento deste potencial o governo decidiu que retomará os leilões de concessões de exploração de petróleo no Brasil apenas nas áreas localizadas em terra e em águas rasas. Assim, toda a região em volta do pré-sal não será leiloada até que sejam definidas as novas regras de exploração de petróleo no país (Lei do Petróleo).

Além disso, o governo considera criar uma nova estatal para administrar os gigantescos campos, que contrataria outras petrolíferas para a exploração --isso porque os custos de exploração e extração são altíssimos. Os motivos alegados no governo para não entregar a região à exploração da Petrobras são a participação de capital privado na empresa e o risco de a empresa tornar-se poderosa demais.

E como fica o meio ambiente?

Em meio a comemoração do governo com a exploração da camada pré-sal, um ilustre convidado ficou de fora das festividades: o meio ambiente. Com a exploração das novas reservas petrolíferas as emissões de carbono e a poluição serão maiores.

No meio de tantos discursos em torno deste tema, o governo falou em até acabar com a pobreza, mas em nenhum momento soltou a voz para falar sobre os danos ambientais. Este assunto só foi falado quando a imprensa questionou a Petrobrás para saber o que a empresa pretendia fazer bata combater a poluição nesta atividade. Ela respondeu que pretendia usar a tecnologia de Captura e Armazenamento em Carbono, conhecida a partir de sua sigla em inglês, CCS, para impedir a emissão das milhões de toneladas contidas nos poços do pré-sal.

Segundo especialistas do Greenpeace, essa tecnologia é experimental e não estaria tecnicamente viável antes de 2030, além de ter que enfrentar algumas barreiras financeiras. Pois o custo total do uso da CCS para capturar o que se estima seja algo entre 12 e 18 bilhões de toneladas de carbono contidas no pré-sal pode chegar ao longo de todo o ciclo de exploração a centenas de bilhões de reais.

Cálculos do Greenpeace indicam que se a CCS não cumprir tudo o que a tecnologia promete, e o Brasil estiver usando todas as reservas estimadas do pré-sal, estaremos emitindo ao longo dos próximos 40 anos em torno de 1,3 bilhão de toneladas de CO2 por ano só com refino, abastecimento e queima de petróleo.

Isso quer dizer que ainda que o desmatamento da Amazônia, principal causa das emissões brasileiras, seja zerado nos próximos anos, tudo indica que as emissões decorrentes do pré-sal manterão o Brasil entre os três maiores emissores de CO2 do mundo.

Num mundo que enfrenta uma crise climática sem precedentes e onde já se criou um consenso entre os países de que é fundamental evitar que o aquecimento médio da Terra ultrapasse os 2º graus Celsius, seria normal imaginar que o governo brasileiro estivesse trabalhando duro na busca de soluções para reduzir ao máximo os impactos ambientais do pré-sal.

E você, o que acha desse assunto?


AUTORA: KAROLINA BRITO