sábado, 2 de abril de 2011

Petrobrás não vai cumprir plano de 2011




Ricardo Leopoldo - O Estado de S.Paulo
 
 
      O diretor financeiro e de Relações com Investidores da Petrobrás, Almir Barbassa, afirmou ontem que dos US$ 55 bilhões projetados para investimentos em 2011, de 10% a 15% não devem ser executados. De acordo com ele, essa é uma prática normal da estatal na gestão anual de seus investimentos. No ano passado, a estatal investiu cerca de US$ 45 bilhões.


      O executivo afirmou ainda que a Petrobrás tem US$ 35 bilhões em caixa. Segundo ele, esse é o valor próximo à média anual de US$ 31 bilhões relativos à geração de caixa nos últimos cinco anos.
Barbassa ressaltou que, para a produção dos 5 bilhões de barris de petróleo relativos à cessão onerosa do pré-sal, devem ser investidos US$ 8 bilhões até 2014. Contudo, como a previsão é de que o início da produção ocorra em 2015, "mais US$ 2 bilhões poderiam ser agregados a esses investimentos, totalizando US$ 10 bilhões, o que seria factível", disse o executivo.

      Barbassa fez os comentários após participar do evento Bloomberg Brazil Economic Summit, em São Paulo. Ele afirmou ainda que poderá ocorrer alteração do preço acordado na cessão onerosa da União à estatal de 5 bilhões de barris do pré-sal. No contrato entre União e Petrobrás está determinado que tais alterações podem ocorrer até o momento em que os três campos do pré-sal forem declarados "comercialmente viáveis", o que está previsto para ocorrer em 2015.

      Segundo Barbassa, a cotação que balizará o preço não é relativa ao barril spot, e sim ao barril do mercado futuro. O executivo avalia que a cotação do barril do petróleo deve variar entre US$ 80 e US$ 100 ainda este ano, após o fim dos conflitos no norte da África e Oriente Médio.

 
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17/03/2011 09h06 - Atualizado em 17/03/2011 10h38

Após visita de Obama, exploração do pré-sal pode ganhar novo impulso

Petróleo será um dos temas da reunião do presidente dos EUA com Dilma.
Possível acordo de pré-venda pode acelerar produção em novos campos.

Darlan Alvarenga Do G1, em São Paulo
 
      A exploração do pré-sal brasileiro poderá receber novo estímulo caso se concretizem as expectativas em relação à visita ao Brasil do presidente americano, Barack Obama. A questão energética será um dos principais temas do encontro dele com a presidente Dilma Rousseff, e a Casa Branca já expressou seu interesse em comprar petróleo brasileiro em longo prazo.

      Num momento em que o barril atinge preços recordes por causa das revoltas árabes, o Brasil passa a ser visto cada vez mais como uma potencial alternativa para o fornecimento de petróleo.
“Os Estados Unidos são devoradores de petróleo, consomem cerca de um quarto da produção mundial e têm uma necessidade de diversificação das suas fontes de suprimento”, afirma o economista David Zylbersztajn, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

      O Brasil só tem a ganhar. É como abrir uma fábrica e já ter comprador garantido”, avalia Zylbersztajn", David Zylbersztajn.
 
      O Brasil, por sua vez, se destaca por sua estabilidade política, econômica e institucional. “Somos um país muito mais confiável do que a Venezuela, que hoje é a grande fornecedora de petróleo na região para os Estados Unidos”.

      Obama virá acompanhado de uma comitiva de empresários e de vários ministros, incluindo o de Energia, Steven Chu, o que vem gerando otimismo em relação a assinaturas de acordos bilaterais na área de combustíveis, incluindo uma possível negociação de antecipação de compra de petróleo do pré-sal.

      “O Brasil só tem a ganhar. É como abrir uma fábrica e já ter comprador garantido”, avalia Zylbersztajn. “Como a produção no pré-sal só deve decolar daqui a oito ou dez anos, o país já estaria viabilizando com antecedência o escoamento do excedente”.


Mais crédito e investimentos

       Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, um acordo de pré-venda de petróleo ajudaria a criar novas linhas de financiamento e poderia até acelerar o cronograma de produção nos novos poços descobertos.

      “Um acordo nessa linha pode trazer mais investimentos e financiamentos e pode transformar o pré-sal desde já numa realidade”, afirma.

       Segundo a Petrobras, a previsão é de que em 2014 o pré-sal estará produzindo 241 mil barris/dia e chegará a 1 milhão de barris em 2017 e a 1,8 milhão em 2020. Atualmente, a produção média diária da empresa é de 2 milhões de barris, sendo menos de 100 mil na área de pré-sal.

      “Dependendo dos novos investimentos e parcerias e da retomada dos leilões, é factível antecipar essas projeções em dois ou três anos”, afirma Pires. “Os maiores investimentos anunciados para o Brasil nos últimos anos são nos setores de petróleo e gás. As empresas americanas são grandes fornecedoras de bens e serviços e tem todo o interesse em participar no pré-sal”.

      Ele lembra que o Brasil já fez um acordo de pré-venda de petróleo com a China, que em 2008 emprestou US$ 10 bilhões para a Petrobras com a garantia de importar 200 mil barris diários por um período de dez anos.

       Segundo o analista, um acordo do gênero com os EUA representaria também o reconhecimento da maior economia do mundo da importância do Brasil no mercado de petróleo no mundo. “Se o acordo sair, vamos finalmente parar com antiamericanismo tão presente no setor”.


        O Brasil já é auto-suficiente em petróleo, com produção diária de 2,1 milhões de barris, equivalente ao consumo doméstico. Segundo projeção da consultoria IHS Cera, até 2030 o Brasil poderia exportar cerca de 2,5 milhões de barris de petróleo bruto por dia.

Chance de negociar contrapartidas

          Para o professor das Faculdades Rio Branco, Carlos Eduardo Stempniewski, o Brasil deve aproveitar o grande interesse americano no petróleo do pré-sal para negociar contrapartidas em outros temas na área de energia.

       “O Brasil deveria aproveitar o momento em que os Estados Unidos está revendo a sua matriz energética para colocar na mesa os pontos críticos das relações comerciais e tentar negociar um pacote que envolva também questões como barreiras comerciais ao nosso etanol”, afirma.

        O subsídio americano ao etanol à base de milho, aliado a uma tarifa de importação de US$ 0,54 por galão, que acaba sobretaxando o produto brasileiro, é uma discórdia antiga entre os dois países.

        O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura acredita que Brasil e EUA podem avançar no tema, uma vez que ambos os países tem interesse em transformar o etanol numa commodity internacional. “Sendo os Estados Unidos o maior produtor mundial, chama a atenção o fato de ainda não existir nenhuma empresa americana atuando nesse mercado no Brasil”, diz.

         Pires destaca também o potencial do gás natural, que possui grandes reservas no pré-sal, como substituto da energia nuclear na geração de energia elétrica. “Com o terremoto do Japão, a energia nuclear passou a ser patinho feio e o Brasil pode ser um grande fornecedor um dos poucos parceiros confiáveis”, diz.

         Na opinião de Stempniewski, um eventual acordo de pré-venda de petróleo do pré-sal também deveria estar vinculado a garantias de investimentos para a viabilização de novas refinarias. “É preciso perguntar que refinarias do mundo irão processar o petróleo produzido aqui, que é mais denso e possui características específicas”, afirma o especialista, lembrando que hoje o Brasil exporta petróleo bruto e importa produtos derivados por falta de capacidade de processamento
 

























sexta-feira, 1 de abril de 2011

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Setembro de 2009.

Pré-sal




A camada do pré-sal já foi manchete, polêmica e até bandeira da próxima campanha presidencial. Apesar dos bilhões de barris de petróleo alardeados pelo governo, que estão supostamente encobertos por espessas camadas de sal abaixo do leito do mar brasileiro, muito do que se falou até hoje são meras conjecturas. O que realmente significa o pré-sal para o país? Como essa riqueza será explorada? Quais são as garantias de que a extração de petróleo nessas áreas é um bom investimento? Essas e outras respostas irão ajudar você a entender a questão.



1. O que é o pré-sal e onde ele está situado?
2. Qual é o potencial de exploração de pré-sal no Brasil?
3. Quanto representa esse potencial em nível mundial?
4. Como o Brasil vai explorar essa riqueza?
5. Quanto deverá custar o projeto?
6. Há alguma garantia que justifique o investimento?
7. Quais são os riscos desse investimento?
8. Onde será usado o dinheiro obtido com a exploração?
9. O que acontecerá com os contratos de concessão do local já licitados e assinados?





1. O que é o pré-sal e onde ele está situado?

É uma porção do subsolo que se encontra sob uma camada de sal situada alguns quilômetros abaixo do leito do mar. Acredita-se que a camada do pré-sal, formada há 150 milhões de anos, possui grandes reservatórios de óleo leve (de melhor qualidade e que produz petróleo mais fino). De acordo com os resultados obtidos através de perfurações de poços, as rochas do pré-sal se estendem por 800 quilômetros do litoral brasileiro, desde Santa Catarina até o Espírito Santo, e chegam a atingir até 200 quilômetros de largura.


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2. Qual é o potencial de exploração de pré-sal no Brasil?

Estima-se que a camada do pré-sal contenha o equivalente a cerca de 1,6 trilhão de metros cúbicos de gás e óleo. O número supera em mais de cinco vezes as reservas atuais do país. Só no campo de Tupi (porção fluminense da Bacia de Santos), haveria cerca de 10 bilhões de barris de petróleo, o suficiente para elevar as reservas de petróleo e gás da Petrobras em até 60%.


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3. Quanto representa esse potencial em nível mundial?

Caso a expectativa seja confirmada, o Brasil ficaria entre os seis países que possuem as maiores reservas de petróleo do mundo, atrás somente de Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e Emirados Árabes.


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4. Como o Brasil vai explorar essa riqueza?

A grande polêmica está justamente na tecnologia que será necessária para a extração. O Brasil ainda não dispõe de recursos necessários para retirar o óleo de camadas tão profundas e terá que alugar ou comprar de outros países. O campo de Tupi, por exemplo, se encontra a 300 quilômetros do litoral, a uma profundidade de 7.000 metros e sob 2.000 metros de sal. É de lá e dos blocos contíguos que o governo espera que vá jorrar 10 bilhões de barris de petróleo.


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5. Quanto deverá custar o projeto?

Devido à falta de informações sobre os campos, ainda é muito cedo para se ter uma estimativa concreta de custos. No entanto, alguns estudos já dão uma ideia do tamanho do desafio. Uma pesquisa elaborada pelo banco USB Pactual, por exemplo, diz que seriam necessários 600 bilhões de dólares (45% do produto interno bruto brasileiro) para extrair os 50 bilhões de barris estimados para os blocos de exploração de Tupi, Júpiter e Pão de Açúcar (apenas 13% da área do pré-sal). A Petrobras já é mais modesta em suas previsões. Para a companhia, o custo até se aproxima dos 600 bilhões de dólares, mas engloba as seis áreas já licitadas em que é a operadora: Tupi e Iara, Bem-Te-Vi, Carioca e Guará, Parati, Júpiter e Carambá.


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6. Há alguma garantia que justifique o investimento?

Testes realizados pela Petrobras em maio e junho deste ano mostraram que ainda não estão totalmente superados os desafios tecnológicos para explorar a nova riqueza. A produção no bloco de Tupi ficou abaixo dos 15.000 barris de petróleo que a Petrobras esperava extrair por dia durante o teste de longa duração.



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7. Quais são os riscos desse investimento?

Fora o risco de não haver os alardeados bilhões de barris de petróleo no pré-sal, a Petrobras ainda poderá enfrentar outros problemas. Existe a chance de a rocha-reservatório, que armazena o petróleo e os gás em seus poros, não se prestar à produção em larga escala a longo prazo com a tecnologia existente hoje. Como a rocha geradora de petróleo em Tupi possui uma formação heterogênea, talvez também sejam necessárias tecnologias distintas em cada parte do campo. Além disso, há o receio de que a alta concentração de dióxido de carbono presente no petróleo do local possa danificar as instalações.


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8. Onde será usado o dinheiro obtido com a exploração?

Os recursos obtidos pela União com a renda do petróleo serão destinados ao Novo Fundo Social (NFS), que realizará investimentos no Brasil e no exterior com o objetivo de evitar a chamada "doença holandesa", quando o excessivo ingresso de moeda estrangeira gera forte apreciação cambial, enfraquecendo o setor industrial. De acordo com o governo federal, a implantação deste fundo será articulada com uma política industrial voltada as áreas de petróleo e gás natural, criando uma cadeia de fornecedores de bens e serviços nas indústrias de petróleo, refino e petroquímico. Parte das receitas oriundas dos investimentos do fundo irá retornar à União, que aplicará os recursos em programas de combate à pobreza, em inovação científica e tecnológica e em educação.


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9. O que acontecerá com os contratos de concessão do local já licitados e assinados?

Embora tenha inicialmente se falado na desapropriação de blocos já licitados na camada do pré-sal, o governo já anunciou que serão garantidos os resultados dos leilões anteriores e honrados os contratos firmados. Porém, não haverá mais concessão de novos blocos à iniciativa privada ou à Petrobrás na área do pré-sal. Ao invés disso, será adotado o regime de partilha de produção, com a criação de uma empresa estatal, mas não operacional, para gerir os contratos de exploração.



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